quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Cidade Escola Aprendiz... a gente faz parte!!!


Por Desirèe Luíse

Do Site Cidade Escola Aprendiz. Publicado em 22/09/2010


O Recife (PE) pretende implantar projetos de educação integral como uma política pública do município. Até 2012, as 300 escolas da capital pernambucana deverão contar com programas para estimular ações que integrem a comunidade e instituições de ensino, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação de Recife.
Para isso, o órgão do governo desenvolve — em parceria com a Associação Cidade Escola Aprendiz — um projeto piloto em duas escolas dos bairros Coque e Pilar, ambas na região central do município. Desde abril, o chamado Programa Bairro-Escola Recife acontece na Escola Municipal José da Costa Porto e na Escola Municipal Nossa Senhora do Pilar. A ideia é transformar a comunidade em um ambiente de aprendizagem, ampliando os limites das salas de aula e fazendo da educação pública uma responsabilidade coletiva.
O projeto está em fase de mobilização e articulação local. Segundo o secretário Municipal de Educação, Cláudio Duarte, o primeiro passo é aumentar a colaboração entre dirigentes, professores, pais e alunos das escolas, além de estimular a interação entre os colégios e a comunidade.
“Já percebemos maior integração desde o início do projeto. Geralmente, a visão que cada um deve apenas cuidar do que lhe diz respeito é forte, mas as escolas estão se abrindo mais às manifestações da própria comunidade”, avalia Duarte. “É fundamental mobilizar e identificar valores sociais, culturais e os potenciais do entorno. Quando a comunidade é ativa, a escola funciona melhor, o professor falta menos e a gestão é mais presente”, completa.
O gestor local do Bairro-Escola Recife, Gerson Flávio, observa que o diálogo é mais fácil em comunidades que já estão mobilizadas. “Sentimos mais facilidade no Coque, por exemplo, porque já existe um histórico da comunidade com organizações que atuam no bairro. São 12 ONGs presentes há anos”.
Quinzenalmente, acontecem as oficinas do grupo articulador local. Os encontros reúnem diversos segmentos da comunidade nas duas escolas: gestores, animadores culturais, professores, pais, alguns alunos e líderes comunitários.
Além disso, em parceria com a ONG Auçuba Comunicação e Educação, são realizadas oficinas semanais de comunicação comunitária. Podem participar estudantes das escolas e adolescentes da comunidade interessados.
Para o final de novembro, os articuladores locais estão preparando uma mostra cultural. O evento vai durar uma semana e ocorrerá tanto no Coque quanto no Pilar. O projeto também prevê a criação de agências de notícias comunitárias na Internet, para divulgar informações sobre os moradores e acontecimentos nos bairros.
“Experiências de educação integral ainda são pontuais. Queremos disseminar a prática do bairro-escola. Uma dificuldade é a orientação política de cada gestão municipal. O processo político é complexo”, revela o secretário. Para ele, é fundamental produzir avaliações estruturadas dos projetos que demonstrem resultados. Assim, ele avalia que outros governantes poderão perceber a eficácia de iniciativas relacionadas à educação integral no país.
No próximo ano, a meta da secretaria é implantar o Programa Bairro-Escola em no mínimo quatro micro regiões do Recife – cada micro região é composta por cerca de quatro bairros.

Bairro do Pilar

O Coque e o Pilar são áreas pobres da capital pernambucana. Na segunda, a Prefeitura do Recife está construindo conjuntos habitacionais. Com o Programa de Requalificação Urbanística de Inclusão Social da Comunidade do Pilar, cerca de cem famílias foram desalojadas.
“Mexe com a vida da comunidade. Ocorre evasão escolar, pois o aluno tem que sair da região para morar mais longe”, afirma Gerson. “Estamos atuando também neste contexto, pois o processo de negociação é denso”.
Às quintas-feiras, o governo municipal e os integrantes do Bairro-Escola Recife tem feito reuniões nas obras do conjunto habitacional. O objetivo é trabalhar na tentativa de promover um diálogo entre o grupo governamental e a comunidade.

"Rebelem-se!"...

Do Vi  o Mundo, de Azenha:

Michael Moore convoca os jovens: Rebelem-se!


Juntem-se ao meu “Jornal da Escola”!

18/2/2011, Michael Moore, em sua página

Traduzido pelo coletivo da Vila Vudu

Com agradecimentos, pela dica, ao I.C.L., nômade nascido no Brasil, que nos acompanha da Itália.


Caros Estudantes:

Que inspiração, a de vocês, que se uniram aos milhares de estudantes das escolas de Wisconsin e saíram andando das salas de aula há quatro dias e agora estão ocupando o prédio do State Capitol e arredores, em Madison, exigindo que o governador pare de assaltar os professores e outros funcionários públicos (matéria em http://www.truth-out.org/watch-live-blog-wisconsin-protest-rally-madison-wisconsin67866 e foto (ótima!) em http://twitpic.com/40tax9)!
Tenho de dizer que é das coisas mais entusiasmantes que vi acontecer em anos.
Vivemos hoje um fantástico momento histórico. E aconteceu porque os jovens em todo o mundo decidiram que, para eles, basta. Os jovens estão em rebelião – e é mais que hora!
Vocês, os estudantes, os adultos jovens, do Cairo no Egito, a Madison no Wisconsin, estão começando a erguer a cabeça, tomar as ruas, organizar-se, protestar e recusar a dar um passo de volta para casa, se não forem ouvidos. Totalmente sensacional!!
O poder está tremendo de medo, os adultos maduros e velhos tão convencidos que que fizeram um baita trabalho ao calar vocês, distraí-los com quantidades enormes de bobagens até que vocês se sentissem inpotentes, mais uma engrenagem da máquina, mais um tijolo do muro. Alimentaram vocês com quantidades absurdas de propaganda sobre “como o sistema funciona” e mais tantas mentiras sobre o que aconteceu na história, que estou admirado de vocês terem derrotado tamanha quantidade de lixo e estejam afinal vendo as coisas como as coisas são.
Fizeram o que fizeram, na esperança de que vocês ficariam de bico fechado, entrariam na linha e obedeceriam ordens e não sacudiriam o bote. Que arranjariam um bom emprego. Que ficariam iguaizinhos a eles, um freak a mais. Disseram que a política partidária é limpa e que um único homem poderia fazer muita diferença.
E por alguma razão bela, desconhecida, vocês recusaram-se a ouvir. Talvez porque vocês deram-se conta que nós, os adultos maduros, lhes estamos entregando um mundo cada vez mais miserável, as calotas polares derretidas, salários de fome, guerras e cada vez mais guerras, e planos para empurrá-los para a vida, aos 18 anos, cada um de vocês já carregando a dívida astronômica do custo da formação universitária que vocês terão de pagar ou morrerão tentando pagar.
Como se não bastasse, vocês ouviram os adultos maduros dizer que vocês talvez não consigam casar legalmente com quem escolherem para casar, que o corpo de vocês não pertence a vocês, e que, se um negro chegou à Casa Branca, só pode ter sido falcatrua, porque ele é imigrado ilegal que veio do Quênia.
Sim, pelo que estou vendo, a maioria de vocês rejeitou todo esse lixo. Não esqueçam que foram vocês, os adultos jovens, que elegeram Barack Obama. Primeiro, formaram um exército de voluntários para conseguir a indicação dele como candidato. Depois, foram as urnas em números recordes, em novembro de 2008. Vocês sabem que o único grupo da população branca dos EUA no qual Obama teve maioria de votos foi o dos jovens entre 18 e 29 anos? A maioria de todos os brancos com mais de 29 anos nos EUA votaram em McCain – e Obama foi eleito, mesmo assim!
Como pode ter acontecido? Porque há mais eleitores jovens em todos os grupos étnicos – e eles foram às urnas e, contados os votos, viu-se que haviam derrotado os brancos mais velhos assustados, que simplesmente jamais admitiriam ter no Salão Oval alguém chamado Hussein. Obrigado, aos eleitores jovens dos EUA, por terem operado esse prodígio!
Os adultos jovens, em todos os cantos do mundo, principalmente no Oriente Médio, tomaram as ruas e derrubaram ditaduras. E, isso, sem disparar um único tiro. A coragem deles inspira outros. Vivemos hoje momento de imensa força, nesse instante, uma onda empurrada por adultos jovens está em marcha e não será detida.
Apesar de eu, há muito, já não ser adulto jovem, senti-me tão fortalecido pelos acontecimentos recentes no mundo, que quero também dar uma mão.
Decidi que uma parte da minha página na Internet será entregue aos estudantes de nível médio para que eles – vocês – tenham meios para falar a milhões de pessoas. Há muito tempo procuro um meio de dar voz aos adolescentes e adultos jovens, que não têm espaço na mídia-empresa. Por que a opinião dos adolescentes e adultos jovens é considerada menos válida, na mídia-empresa, que a opinião dos adultos maduros e velhos?
Nas escolas de segundo grau em todos os EUA, os alunos têm ideias de como melhorar as coisas e questionam o que veem – e todas essas vozes e pensamentos são ou silenciadas ou ignoradas. Quantas vezes, nas escolas, o corpo de alunos é absolutamente ignorado? Quantos estudantes tentam falar, levantar-se em defesa de uma ou outra ideia, tentar consertar uma coisa ou outra – e sempre acabam sendo vozes ignoradas pelos que estão no poder ou pelos outros alunos?
Muitas vezes vi, ao longo dos anos, alunos que tentam participar no processo democrático, e logo ouvem que colégios não são democracias e que alunos não têm direitos (mesmo depois de a Suprema Corte ter declarado que nenhum aluno ou aluna perde seus direitos civis “ao adentrar o prédio da escola”).
Sempre fico abismado ao ver o quanto os adultos maduros e velhos falam aos jovens sobre a grande “democracia” dos EUA. E depois, quando os estudantes querem participar daquela “democracia”, sempre aparece alguém para lembrá-los de que não são cidadãos plenos e que devem comportar-se, mais ou menos, como servos semi-incapazes. Não surpreende que tantos jovens, quando se tornam adultos maduros, não se interessem por participar do sistema político – porque foram ensinados pelo exemplo, ao longo de 12 anos da vida, que são incompetentes para emitir opiniões em todos os assuntos que os afetam.
Gostamos de dizer que há nos EUA essa grande “imprensa livre”. Mas que liberdade há para produzir jornais de escolas de segundo gráu? Quem é livre para escrever em jornal ou blog sobre o que bem entender? Muitas vezes recebo matérias escritas por adolescentes, que não puderam ser publicadas em seus jornais de escola. Por que não? Porque alguém teria direito de silenciar e de esconder as opiniões dos adolescentes e adultos jovens nos EUA?
Em outros países, é diferente. Na Áustria, no Brasil, na Nicarágua, a idade mínima para votar é 16 anos. Na França, os estudantes conseguem parar o país, simplesmente saindo das escolas e marchando pelas ruas.
Mas aqui, nos EUA, os jovens são mandados obedecer, sentar e deixar que os adultos maduros e velhos comandem o show.
Vamos mudar isso! Estou abrindo, na minha página, um “JORNAL DA ESCOLA” [orig. "HIGH SCHOOL NEWSPAPER", em http://mikeshighschoolnews.com/]. Ali, vocês podem escrever o que quiserem, e publicarei tudo. Também publicarei artigos que vocês tenham escrito e que foram rejeitados para publicação nos jornais das escolas de vocês. Na minha página vocês serão livres e haverá um fórum aberto, e quem quiser falar poderá falar para milhões.
Pedi que minha sobrinha Molly, de 17 anos, dê o pontapé inicial e cuide da página pelos primeiros seis meses. Ela vai escrever e pedirque vocês mandem suas histórias e ideias e selecionará várias para publicar em MichaelMoore.com. Ali estará a plataforma que vocês merecem. É uma honra para mim que se manifestem na minha página e espero que todos aproveitem.
Dizem que vocês são “o futuro”. O futuro é hoje, aqui mesmo, já. Vocês já provaram que podem mudar o mundo. Aguentem firmes. É uma honra poder dar uma mão.



Com ‘Lei Tiririca’, começa reforma política ‘possível’


Fonte: Caderno de Política, no "Estadão"



BRASÍLIA - A proposta de reforma política que começa a ser debatida no Congresso, a partir de terça-feira, deve aprovar uma mudança radical na eleição de deputados. Há uma grande chance de os partidos condenarem à morte o atual sistema proporcional, baseado em coeficiente eleitoral. No lugar entraria o voto majoritário simples. Traduzindo: quem tem mais votos é eleito.
Hoje, as vagas são distribuídas conforme o número de votos recebidos pela legenda ou coligação. Levando em conta esse resultado, o partido tem direito a um número de eleitos, mesmo que alguns tenham menos votos que outros candidatos.
A mudança tornará inútil a figura do candidato puxador de votos, geralmente representado por algum político importante ou por celebridades. Tanto que a proposta do voto majoritário simples foi, ironicamente, apelidada de "Lei Tiririca" - ela impedirá justamente a repetição do fenômeno provocado pela eleição do palhaço, deputado pelo PR de São Paulo.
Tiririca teve 1,35 milhão de votos e ajudou a eleger candidatos bem menos votados, como Vanderlei Siraque (PT-SP), que somou 93 mil votos, menos que outros dez candidatos não eleitos.
Em eleições passadas, outros puxadores levaram a Brasília uma bancada de candidatos nanicos, como Enéas Carneiro e Clodovil Hernandez, ambos já falecidos e campeões de votos em 2002 e 2006, respectivamente. Há nove anos, Enéas foi escolhido por 1,5 milhão de eleitores e puxou mais quatro deputados, incluindo Vanderlei Assis de Souza, com ínfimos 275 votos.
"É um pouco chocante. Alguém que teve 128 mil votos não pode decidir em nome do povo, e quem teve 275 votos pode", diz o vice-presidente Michel Temer (PMDB), defensor do voto majoritário simples. "Os partidos não vão mais buscar nomes que possam trazer muitos votos, nem vão procurar um grande número de candidatos para fazer 2,3 mil votos ou menos, só para engordar o coeficiente eleitoral."
Se aprovada, a "Lei Tiririca" vai gerar um imediato efeito colateral: tornará inúteis as coligações partidárias nas eleições proporcionais. Hoje, os partidos se aliam para formar chapas para somar forças e produzir um alto coeficiente. Na nova regra, uma aliança partidária não produz qualquer efeito.
Unificação. Outra mudança em debate é a unificação das eleições e a coincidência de mandatos. A proposta é de consenso difícil, mas tem alguma chance de ser aprovada se entrar em vigor para eleições futuras, sem afetar os direitos de quem tem mandato e pode se reeleger.
Se houver consenso, os próximos prefeitos e vereadores serão eleitos em 2012 para mandato de dois ou de seis anos. No primeiro caso, menos provável, as eleições unificadas ocorreriam já em 2014. Se for um mandato de seis anos, a unificação ficaria para 2018.
Apesar da complexidade da proposta e do lado pouco prático - criaria uma supereleição em um único dia -, a ideia da reforma política, desta vez, é que ela não cometa o erro de sempre: uma debate inchado de propostas que, apesar de defendida como prioritária por todos os políticos, sempre acaba patinando. Pior: alterações significativas, como fidelidade partidária, verticalização das alianças e seu fim, acabaram sendo decididas por ordem do Poder Judiciário.
Por isso, veteranos do debate acreditam que a reforma só tem chance de passar se for restrita a poucos pontos. Em 2009, o Senado aprovou um texto que a Câmara ignorou, por não ter sido negociado em comum acordo. "Se vierem poucos pontos, pode sair. Caso contrário, não", diz o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), principal líder político do partido que, no passado, ajudou a derrubar o projeto que criava a cláusula de barreira para legendas que não somassem 5% do total de votos para a Câmara Federal, o que praticamente inviabilizaria a atividade desses partidos.