terça-feira, 12 de outubro de 2010

Polêmicas Religiosas e o voto.

Entre a coerência e a superficialidade
Por Gabriel Perissé em 12/10/2010
Nunca antes na imprensa brasileira se escreveu tanto sobre o aborto. O tema está em destaque na revista Época, na Veja e na CartaCapital desta semana. Vários jornalistas e articulistas têm escrito sobre ele nas páginas dos jornais e nos blogues. Tema da hora porque, ao que tudo indica, o segundo turno para a escolha do próximo presidente aí está em virtude do voto religioso, que alguns consideram simplesmente fundamentalista.
Muitos católicos e evangélicos teriam identificado a candidata Dilma como agente do mal, aquela que "é a favor de matar criancinhas" (Mônica Serra). Votaram em Marina Silva, que já foi católica e hoje é evangélica. O que proporcionou a José Serra a sobrevida de um mês na disputa eleitoral. Além de Marina, o próprio Serra teria sido diretamente beneficiado pelo voto religioso.
Aborto... Política... Religião... As autoridades religiosas vêm a público se manifestar. A palavra dessas autoridades se dirige ao fiel que, na hora sagrada de votar, é pressionado por sua consciência a não cooperar com a iniquidade...
O pastor Silas Malafaia influencia o povo evangélico. Decidiu não votar na "irmã" Marina e opta por Serra: veja o vídeo. Outro líder cristão, o pastor Paschoal Piragine Jr., da Igreja Batista de Curitiba, também se posiciona contra o PT: veja o vídeo. Um sacerdote católico, da Canção Nova, manifesta-se no seu sermão contra o PT: veja o vídeo. Um vídeo no YouTube, contra o aborto, chega a denunciar Gabriel Chalita (PSB), líder católico, como "traidor", ao apoiar as candidaturas de Marta Suplicy e Dilma.
Não fica um, meu irmão... A ideia de fundo é que uma pessoa coerente com seus princípios religiosos não pode votar em políticos que defendam práticas contrárias à lei natural, à moral do Evangelho ou aos ensinamentos da Igreja católica.
No entanto, se esse contingente de eleitores quiser ser coerente para valer deverá aprofundar sua busca de informações. Não basta ler e-mails de origem duvidosa ou a revista Veja, que na capa da última edição associa Dilma Rousseff (somente Dilma) à questão do aborto.

Trata-se de averiguar então o grau de coerência católica de José Serra, que seria a "opção do bem".

O candidato do PSDB, quando ministro de FHC, em 1998, assinou a Norma Técnica "Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes", autorizando os hospitais públicos a realizar abortos. O padre Léo, da Canção Nova, sobre isso se manifestou: veja o vídeo.
Serra é um entusiasta dos valores da maçonaria, como neste vídeo. (Aliás, o próprio católico Geraldo Alckmin simpatiza com a maçonaria, conforme este vídeo, e Gilberto Kassab e o candidato a vice Michel Temer se irmanam neste outro vídeo.) A rigor, católicos também não podem votar em simpatizantes da maçonaria.
Com relação à homossexualidade, seria difícil para José Serra explicar este vídeo aos seus apoiadores à la Malafaia. A rigor, evangélicos também não podem votar em quem elogia a Parada Gay.

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