sábado, 30 de outubro de 2010

A Comunicação anti-popular da Rede Globo!

Pode-se pensar que discutir bolinhas de papel e rolos de fita crepe é uma bobagem. Ou que o assunto está ultrapassado. Não só não é uma bobagem, como tampouco o assunto está ultrapassado. Por um lado, seria uma bobagem não fosse o fato de que o maior veículo de comunicação televisiva do País, que goza de concessão pública para ser veiculado em TV aberta, produziu uma montagem grotesca de compressão de vídeo para levantar a bola (não a de papel, mas a moral) de um dos candidatos à presidência da República – além da sua própria, pois sua grandeza jamais poderia ser desbancada por um SBT. Por outro lado, o assunto estaria ultrapassado se o desmonte da edição farsesca realizada a partir da compressão de imagens combinada com artifacts – realizado pelo professor de Jornalismo Gráfico, José Antonio Meira da Rocha, da Universidade Federal de Santa Maria (RS) – tivesse sido exposto pelos grandes veículos de comunicação (links ao final deste post).
Acontece que a versão tosca do JN foi comprada de forma conveniente pela quase totalidade dos grandes veículos de comunicação – o que impede de tornar o assunto ultrapassado. Além disso, muita gente está repetindo à exaustão, e de forma acrítica, essa versão fajuta. Versão que se fez inquestionável no bom estilo medieval, magister dixit (“o mestre o disse”). A versão tornou-se supra sumo do “argumento da autoridade” depois de exibida no JN. Duas autoridades falaram: o próprio JN e Ricardo Molina – como se não fossem passíveis de questionamentos.
Ao pensar sobre isso, recordo-me de um artigo “A verdade que vem impressa nos jornais“, da historiadora da imprensa, Isabel Lustosa, publicado em 2008 na Folha de S.Paulo – e reproduzido aqui no blog. Na ocasião, Lustosa falava sobre o fetiche da palavra impressa em grande jornal como atestado de veracidade inquestionável. Concluía seu texto dizendo: “(…) recomenda-se ao leitor contemporâneo lembrar que não há texto neutro, que, na composição e no desenvolvimento de um texto jornalístico, na maneira de narrar e destacar um fato, estão também embutidas as paixões e os interesses do jornalista, do editor ou da empresa jornalística a que estão ligados. De modo que nem sempre o que sai no jornal é a expressão genuína da mais pura verdade.”
O JN dedica 7 minutos de seu noticiário para criar laboratorialmente uma versão dos fatos, e ninguém é capaz de questionar isso? Fetiche de veracidade baseada no argumento da autoridade. Por mais de uma vez essa versão kameliana foi desmentida, e ninguém repercute isso na grande imprensa? Pura conveniência. A versão forjada pelo JN teve três funções básicas: 1 – evitar a desmoralização de Serra (notadamente seu preferido); 2 – evitar sua própria desmoralização; 3 – produzir munição para os demais veículos de imprensa e seus colunistas, que puderam se sentir à vontade para reproduzir o fato como se fosse verdade inconteste.
Vejamos três exemplos de repetição acrítica da versão do JN. Cito uma colunista da Globo, uma da FSP e outra do Estadão.
1 – Miriam Leitão, em sua coluna de ontem:
“Desta vez, foi uma pedra na cabeça de uma jornalista, e o rolo de fita na cabeça do candidato José Serra. Esse episódio deve ser visto pelo risco potencial de conflito generalizado. As imagens falam por si.”
2 – Renata Lo Prete, no Painel de ontem, na FSP:
“À noite, depois da fala de Lula, o “Jornal Nacional” desmontou essa versão.”
3 – Dora Kramer, colunista do Estadão:
“Foram duas imagens captadas em dois momentos diferentes, comprovou-se ao longo do dia.”
Primeiro, as imagens não falam por si. Quem fala por elas é o perito. Segundo, o JN não desmontou nada, pelo contrário, foi desmontado mais de uma vez. Terceiro, o que se comprovou ao longo do dia foi que o JN forjou a versão (com ajuda de seu perito predileto, Ricardo Molina), e não o contrário.
Mas… se passou no JN, magister dixit, ora bolas!
Ao longo de toda a sexta-feira, dia 22, a hashtag #globomente oscilou entre o segundo e o terceiro assunto mais falado do mundo no Twitter.
Na quinta-feira, Marco Bahé publicou aqui no blog um artigo da Time, no qual se conjectura os motivos que fazem do Twitter um grande sucesso no Brasil. Entre os motivos citados no artigo está a análise do professor James Green, de que o sucesso do Twitter por aqui tem relação íntima com a concentração do poder midiático em poucas mãos após a saída do País de 21 anos de ditadura militar.
Entendi daquele artigo, que o “brasilianista” aponta o Twitter e outras redes sociais como um ponto de fuga dos brasileiros à grande concentração da mídia. Com o advento de redes sociais como o Twitter, os jornalões e os grandes veículos de comunicação já não têm mais o poder de veicular uma farsa e ficar por isso mesmo.
Assim, durante toda a sexta-feira (ao contrário do que afirmou Dora Kramer no Estadão), refutou-se ao longo do dia a versão do JN. E toda a repercussão foi concentrada desde a hashtag #globomente, passando por centenas de blogs, páginas do Facebook, Orkut, Youtube, et cetera.
Ainda que a versão do JN tenha sido desmontada (não apenas pelo professor Meira da Rocha), sua matéria municiou os colunistas dos jornalões, que desde então repetem comodamente aquela versão como verdade inquestionável. Muitas pessoas lembraram as edições do debate de 1989, quando Lula foi prejudicado claramente pela Rede Globo, em favor da candidatura de Fernando Collor.
Acontece que, depois da matéria ter sido veiculada pelo JN (ainda que jornalistas da própria Globo no estúdio de São Paulo tenham vaiado a versão na hora em que foi veiculada – não reproduzo do próprio Escrevinhador porque de ontem para hoje o blog foi atacado por um malware) o estrago foi feito, e, em parte, é irreversível.
A estratégia é simples: a velha e boa se colar, colou.
Mas colou apenas para os colunistas dos jornalões, e para quem mais fosse conveniente. Mas no Twitter, passou longe de colar. E, embora a versão do JN ainda repercuta de forma acrítica, a Rede Globo calou-se sobre o assunto.
Vejam dois vídeos que desmontam a versão kameliana do tal rolo de fita que teria atingido Serra, mas que não existiu.
Recomendo também a leitura do texto do professor Meira da Rocha que desmontou, quadro a quadro, a farsa do Jornal Nacional.
No texto, ele observa o seguinte:

"Será que a velha mídia não se dá conta que qualquer pessoa pode gravar TV e passar quadro-a-quadro? E que, fazendo isto, a pessoa pode ver que não há nenhum rolo de fita crepe sendo atirado contra o candidato José Serra? Que o detalhe salientado em zoom numa extensa matéria de 7 minutos não passava de um artifact de compressão de vídeo sobreposto à cabeça de alguém ao fundo? Que não se vê no vídeo quadro-a-quadro nenhum objeto indo ou vindo à cabeça do candidato?"

E a Globo ainda vai procurar a opinião de um “especialista” de reputação duvidosa…
Tudo pode ser digitalizado, menos a credibilidade de um veículo jornalístico. E este único ativo que sobra à velha mídia, ela joga fora…
Leia a íntegra, com as imagens do quadro a quadro, clicando aqui
_________________________

Leia, ainda, o texto “É Serra na fita“, também do professor José Antônio Meira da Rocha, em que analisa amiúde e didaticamente a construção do perito Ricardo Molina, clicando aqui (dica do leitor JG_).

domingo, 17 de outubro de 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

Amanhã é Dia de Futebol!


Mantendo uma de suas mais festejadas tradições - a garotada adora!! -, a Comunidade do Pilar, através da Rádio Comunitária do Pilar, realiza + 1 vez o Campeonato de Futebol das Comunidades. Sempre realizado com as participações de crianças e adolescentes do Pilar e de Santo amaro, este ano, o IV Campeonato de Futebol da Semana das Crianças contará com a participação também da Comunidade do Coque!
Então, amanhã, dia 17 de outubro, Coque, Santo Amaro e Comunidade do Pilar vão se encontrar para celebrar, através do Futebol, a união e a parceria entre Comunidades. Estaremos na quadra do Moinho, na Comunidade do Pilar, a partir das 9 horas.
Amanhã, o futebol une a garotada das maiores comunidades do Centro do Recife. Será dia de festa!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

debates: Eleições em 2º Turno.

12/10/2010
 
Quem são e para onde irão os eleitores de Marina?
 
“Minha hipótese é de que o peso político de Marina Silva é menor que os votos que recebeu e que seu partido, o PV, é menor do que ela”. A opinião é de Antônio Augusto de Queiroz, jornalista, analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) em artigo no sítio Congresso em Foco, 11-10-2010.
Eis o artigo.
A resposta à pergunta acima será dada pelas pesquisas qualitativas que estão sendo feitas pelos institutos de pesquisa e pelas urnas no dia 31 de outubro, mas já é possível antecipar algumas constatações desse processo eleitoral, que está em fase de decantação. Minha hipótese é de que o peso político de Marina Silva é menor do que os votos que recebeu e que seu partido, o PV, é menor e menos verde que ela.
A senadora Marina Silva foi apresentada pela intelectualidade e pela mídia como a candidata ideal: mulher, religiosa, de origem humilde, comprometida socialmente, defensora do meio ambiente, honesta e sem o suposto radicalismo do PT nem o conservadorismo do PSDB. Seria a terceira via, embora não dispusesse de grande estrutura partidária, tempo de televisão e recursos para uma campanha presidencial.
 
Com esse perfil, Marina recebeu votos de um eleitorado difuso, que pode se classificado em quatro grupos: a) o da fadiga, b) o flutuante, c) o da revanche ou do troco, e d) o convicto. Minha hipótese é de que o peso político de Marina Silva é menor que os votos que recebeu e que seu partido, o PV, é menor do que ela.
O primeiro grupo, da fadiga, é composto por eleitores que não estão satisfeitos com o PT nem têm saudades do PSDB. Esse grupo descarregou seus votos na Marina menos por convicção e mais por considerá-la uma candidata simpática, honesta, boazinha, que poderia, eventualmente, se converter numa terceira via. Foi falta de opção.
O segundo grupo, o flutuante, foi determinante para levar a eleição para o 2º turno. É composto de eleitores pendulares, que não queriam José Serra, estiveram indecisos um período, declararam votos para Dilma, mas próximo da eleição desistiram e votaram em Marina.
Esse grupo é muito heterogêneo. É formado por eleitores que não gostaram dos escândalos no governo (quebra de sigilo e episódio da Casa Civil) e também se deixaram influenciar pelos boatos de que a candidata Dilma era a favor do aborto, da união civil de pessoas do mesmo sexo e que teria declarado que “nem Cristo" tiraria sua eleição em primeiro turno.
Especula-se que neste grupo, formado majoritariamente por potencias eleitores de Dilma, inclui-se até gente de partidos da base aliada, que, certo da vitoria da candidata governista, teria (por ação ou omissão) consentido levar a eleição para o 2º turno como forma de reduzir o poder do PT e forçar uma negociação política em novas bases, inclusive com o fortalecimento dessas forças na coordenação de campanha.
O terceiro grupo, o da revanche ou do troco, é formado por pessoas que antes votavam no PT, mas que se sentiram traídas ou chateadas com determinadas políticas públicas ou com a postura das autoridades.
Esse grupo inclui, por exemplo, os aposentados do serviço público que tiveram que pagar contribuição previdenciária, os pensionistas que tiveram redução na pensão, os servidores que não tiveram reajuste, além de pessoas que resolveram punir o PT por suposta arrogância no Governo.
O quarto grupo, o da convicção, é formado pelos eleitores que tem certeza do voto, ou seja, acham que Marina é mais preparada para governar e possui o melhor programa.  É um grupo heterogêneo, formado majoritariamente por intelectuais, jovens, por pessoas de classe média alta e também por gente humilde. Seu universo, entretanto, não passa de 5% do eleitorado brasileiro ou um terço dos votos da Marina.
Entre os postulantes à Presidência da República, Marina foi poupada pelos dois principias candidatos, José Serra e Dilma Rousseff, ambos interessados em seus votos, na hipótese, que afinal se confirmou, de 2º turno.
Ninguém poderá afirmar, com certeza, para quem irão esses votos, se para Dilma ou Serra, ou, se ainda, serão anulados. O mais provável é que estes votos sejam distribuídos igualmente entre Dilma, Serra e abstenção ou nulos. Neste caso, se Dilma mantiver os votos do primeiro turno e acrescentar mais um terço dos votos dados a Marina terá sua eleição assegurada. É essa a minha aposta.

Eleições 2010: Deu na Folha de S. Paulo!!!

Igrejas X internet

por Fernando Rodrigues


A internet ganhou de lavada das igrejas na eleição deste ano. Ainda bem. Um sinal de que o Brasil não está assim tão mesozoico como sugerem os comerciais religiosos de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB). O tucano chegou a mostrar ontem uma foto de quando fez a primeira comunhão.
Na pesquisa Datafolha realizada na última sexta-feira, o instituto indagou aos eleitores sobre a influência de igrejas e da rede mundial de computadores na política.
Dos 94% dos eleitores que declaram ter religião, só 3% afirmam ter recebido alguma orientação de sua igreja para não votar em algum candidato a presidente.
Já entre o total dos eleitores brasileiros, 14% foram alvo de mensagens negativas enviadas por meio da internet contra os postulantes ao Palácio do Planalto.
Ou seja, muito mais brasileiros tiveram contato com propaganda negativa na internet do que assistindo a um culto religioso. É uma boa notícia. O país estaria regredindo séculos se os eleitores majoritariamente submetessem suas convicções eleitorais a prescrições vindas de padres e pastores.
Embora essa guerra de propaganda negativa tenha sido limitada a uma parcela minoritária, houve consequências. A maior derrotada foi Dilma Rousseff.
Mesmo em pequena quantidade, os conselhos religiosos foram todos tangendo o fiel a rejeitar a petista nas urnas. No final, 1% do eleitorado acabou mudando de voto por causa da orientação recebida.
No caso da internet, o número de eleitores que recebeu mensagens anti-Dilma superou em mais de três vezes todos os que leram propaganda anti-Serra.
Curiosamente, esse movimento de subtração de votos da petista não desaguou de forma automática no tucano. Muitos se tornaram indecisos. Por enquanto, parecem inescrutáveis. O rumo dessa categoria de "eleitor-pêndulo" será vital na escolha do sucessor de Lula.

Polêmicas Religiosas e o voto.

Entre a coerência e a superficialidade
Por Gabriel Perissé em 12/10/2010
Nunca antes na imprensa brasileira se escreveu tanto sobre o aborto. O tema está em destaque na revista Época, na Veja e na CartaCapital desta semana. Vários jornalistas e articulistas têm escrito sobre ele nas páginas dos jornais e nos blogues. Tema da hora porque, ao que tudo indica, o segundo turno para a escolha do próximo presidente aí está em virtude do voto religioso, que alguns consideram simplesmente fundamentalista.
Muitos católicos e evangélicos teriam identificado a candidata Dilma como agente do mal, aquela que "é a favor de matar criancinhas" (Mônica Serra). Votaram em Marina Silva, que já foi católica e hoje é evangélica. O que proporcionou a José Serra a sobrevida de um mês na disputa eleitoral. Além de Marina, o próprio Serra teria sido diretamente beneficiado pelo voto religioso.
Aborto... Política... Religião... As autoridades religiosas vêm a público se manifestar. A palavra dessas autoridades se dirige ao fiel que, na hora sagrada de votar, é pressionado por sua consciência a não cooperar com a iniquidade...
O pastor Silas Malafaia influencia o povo evangélico. Decidiu não votar na "irmã" Marina e opta por Serra: veja o vídeo. Outro líder cristão, o pastor Paschoal Piragine Jr., da Igreja Batista de Curitiba, também se posiciona contra o PT: veja o vídeo. Um sacerdote católico, da Canção Nova, manifesta-se no seu sermão contra o PT: veja o vídeo. Um vídeo no YouTube, contra o aborto, chega a denunciar Gabriel Chalita (PSB), líder católico, como "traidor", ao apoiar as candidaturas de Marta Suplicy e Dilma.
Não fica um, meu irmão... A ideia de fundo é que uma pessoa coerente com seus princípios religiosos não pode votar em políticos que defendam práticas contrárias à lei natural, à moral do Evangelho ou aos ensinamentos da Igreja católica.
No entanto, se esse contingente de eleitores quiser ser coerente para valer deverá aprofundar sua busca de informações. Não basta ler e-mails de origem duvidosa ou a revista Veja, que na capa da última edição associa Dilma Rousseff (somente Dilma) à questão do aborto.

Trata-se de averiguar então o grau de coerência católica de José Serra, que seria a "opção do bem".

O candidato do PSDB, quando ministro de FHC, em 1998, assinou a Norma Técnica "Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes", autorizando os hospitais públicos a realizar abortos. O padre Léo, da Canção Nova, sobre isso se manifestou: veja o vídeo.
Serra é um entusiasta dos valores da maçonaria, como neste vídeo. (Aliás, o próprio católico Geraldo Alckmin simpatiza com a maçonaria, conforme este vídeo, e Gilberto Kassab e o candidato a vice Michel Temer se irmanam neste outro vídeo.) A rigor, católicos também não podem votar em simpatizantes da maçonaria.
Com relação à homossexualidade, seria difícil para José Serra explicar este vídeo aos seus apoiadores à la Malafaia. A rigor, evangélicos também não podem votar em quem elogia a Parada Gay.

Ler deveria ser proibido...!